Assisti, quando garoto, a uma entrevista do Celso Blues Boy onde ele disse que a guitarra não era apenas um pedaço de madeira, metal e cordas, mas um instrumento a partir do qual pode construir sua vida.
Eu, que naquela época arranhava minha guitarrinha, sonhei um dia ser como ele. Claro que isso nunca aconteceu. Por essas e por outras que sempre admirei o velho heroi do Blues. Ele cantava coisas diferentes, estórias de amor regadas a bebidas e paixões, tudo em meio a solos viscerais e pentatônicas. Seguia seu caminho solitário mas honesto, na estrada do rock n' roll brazuca.
Hoje soube da sua morte. Sabia já há algum tempo que sua saúde era frágil. Sentia dificuldades de manter-se em pé no palco e, mesmo assim, empunhava sua stratocaster com dignidade, sem revelar essa dor...
Prefiro pensar que o Blues Boy tomou um trem em alguma estação e foi levar seu show para outra cidade. Gente como ele simplesmente não morre assim, mas dá um tempo em qualquer canto por aí.
As lágrimas são para quem fica com a lembrança de seu sorriso amarelo e debochado e da sua voz rouca e enfumaçada.
Espero que os céus o recebam com uma bela festa e que a sua guitarra já esteja afinada e plugada, pois os anjos, em coro, já estão cantando "aumenta que isso aí é rock n' roll"!