5.2.12

Você acredita em destino?

Quantas vezes em nossas vidas já escutamos esta indagação: Você acredita em destino? Basicamente responde-se sim ou não.
Para ambas as respostas caberia uma justificativa, principalmente para a negativa, pois quando alguém responde sim, entende-se que a pessoa identifica-se com uma crença qualquer que naturalmente deve ser respeitada. Quando porém responde-se não, surge a dúvida: Não por quê? Aí, geralmente, a explicação é: porque crê-se em livre-arbítrio. Tudo bem...
A ideia de livre-arbítrio dá a entender uma espécie de liberdade, a qual confere ao ser a faculdade de escolher entre opções mutuamente excludentes ou não. Assim, quando alguém diz crer no livre-arbítrio, pode-se entender que ela nega o determinismo.
Já o destino remete ao limite final de alguma coisa, p.ex., quando alguém se prepara para uma viagem e estabelece o ponto de chegada, fixa-lhe o destino, em oposição ao ponto de partida, o lugar onde inicia a viagem. Neste caso, pode-se compreender o destino como uma espécie de escolha, de livre-arbítrio. De outra forma, pode-se pensar no destino como consequência de algo fora do controle do ser, p.ex., uma fatalidade - situação para a qual costuma-se dizer tratar-se de 'obra do destino'.
Retomando a indagação, parece mais razoável pensar que o 'destino' considerado é o que representa o imponderável, pois se assim não fosse, seria o mesmo que perguntar se alguém crê naquilo que determinou para si; seria como perguntar ao viajante se ele acredita que vai chegar ao ponto de chegada. Não haveria aí distinção entre destino e livre-arbítrio.
Então, o 'destino' o qual pode-se crer ou não, em elíptica oposição ao livre-arbítrio, vinculado a um propósito transcendente, poderia ser melhor designado, numa acepção temporal, pela predestinação, i.e., uma vontade anterior contra a qual não cabe resistência. Logo, faria mais sentido se a indagação fosse: Você acredita em predestinação?, mas será que alguém a entenderia mais prontamente? Quando se é perguntado, não é mais intuitivo pensar no destino como algo inefável? Que confusão!