24.12.11

Dia de Natal

Meu ano acaba hoje. Calma, não é nada apocalíptico não. Só que completo 42 amanhã, 25 de dezembro.
Sempre foi estranho fazer aniversário nesse dia. Aliás, toda essa celebração de natal insiste em me incomodar. Há quem diga que a roupa vermelha do papai noel é criação da coca-cola. Não duvido. A mercantilização de uma data tão significativa para os cristãos me envergonha, pois tenho a sensação de que faço parte dessa distorção comemorativa.
Cristo nasceu sob a mais absoluta simplicidade, contam as escrituras sagradas. Na palha sobre o chão, entre pastores e animais. Ao relento. Sua vinda à Terra, no entanto, causou as mais profundas mudanças na humanidade, ao menos no ocidente.
Quando eu era adolescente, costumava passar o natal sozinho, caminhando pela cidade. Às vezes levava comigo uma garrafa de vinho; outras, caminhava longas distâncias tentando adiantar o tempo e passar para o dia seguinte.
Hoje, minha filha, sozinha, preparou uma ceia natalina para a parentela. Reconheço seu esforço em agradar. Minha mulher sente-se feliz em reunir seus familiares. Para mim isso é o que mais importa. Toda aquela comida e bebida apenas serve para alimentar corpos famintos...
Minha fome é outra. Uma vez mais ainda não nasci. Espero o momento de vir ao mundo, agora um tanto mais velho. Gostaria de estar quieto, num cantinho escuro e despertar suavemente no silêncio da manhã para dar bom dia ao menino Jesus e pedir-lhe bençãos aos desesperados e aflitos, pois que sua paz é suficiente para todos.