30.12.09

Argamassa de PET

Afinal uma notícia realmente interessante: pesquisadores brasileiros conseguiram transformar a preocupante garrafa PET em argamassa.
Aquecendo o material a uns quatrocentos graus tem-se uma espécie de pasta, a qual, imediatamente aplicada entre tijolos cerâmicos - desses de construção - substitui com vantagem a tradicional massa de cimento e areia.
E que vantagem! Maior resistência da parede, menor consumo de ferro nas armações, menor emprego dos materiais minerais então substituídos, e o melhor - a redução do impacto ambiental.
Incrível como uma solução assim pode ser tão perfeita...
Os pesquisadores disseram que o mais difícil foi encontrar a temperatura ideal para se obter uma argamassa com utilidade prática.
O mundo tem jeito. Basta colocarmos num cadinho tudo aquilo que não presta mais ou que jamais prestou e aquecermos na temperatura correta.
Não seria como as velhas ordálias onde políticos corruptos de todas as ordens arderiam sem salvação, para o deleite do povo, mas uma alquimia livre de resíduos tóxicos. Ao invés de atearmos fogo nessa gente, na esperança vã de resultar em algo servível, vamos aprender a votar em gente decente e a entregar o poder nas mãos dos puros.
E eu que pensava não haver ética na ciência...

16.10.09

Qual o papel do “progresso econômico” e do relacionamento predatório entre os seres humanos e entre estes e a natureza?

O relacionamento predatório entre os seres humanos, segundo conta a História, é antigo. De acordo com o historiador Theodore Zeldin (Uma História Íntima da Humanidade) a palavra slave (em português escravo) deriva de eslavo – uma etnia ancestral que imigrou do Ártico para povoar a Europa.
Tem-se notícia que desde a época do Império Romano (e até mesmo antes desta) os povos derrotados nas guerras acabavam subjugados pelos seus vencedores. Desta forma, à custa do sacrifício alheio, floresceram as grandes civilizações.
Vê-se que a máxima hobbesiana “o homem é o lobo do homem” não é sem razão.
A novidade da questão parece surgir com o progresso econômico, pois, até então, a natureza vinha resistindo aos mecanismos do tipo vítima/algoz, próprios da natureza humana. Em outras palavras, os relacionamentos humanos, por mais perniciosos que fossem, não representavam uma ameaça ao meio ambiente, comparativamente ao que tem sido observado a partir da implementação dos modelos de produção modernos e contemporâneos.
Com o advento da Revolução Industrial o Ocidente assistiu a diversos fenômenos de ordem econômica, dentre os quais a produção em série; a expansão do comércio mundial; e o fluxo migratório do campo para as cidades.
A produção em série retirou do homem – artesão – a possibilidade de ser identificado por suas manufaturas, o que Marx chamou de alienação, e as máquinas a vapor transformaram em fumaça as abundantes reservas de carvão britânicas; a expansão do comércio obrigou as famílias a sujeitarem-se ao trabalho extenuante e insalubre; e o fluxo migratório para as cidades, além do desequilíbrio provocado nas regiões rurais, causou um amontoado sub-humano e doente nas periferias urbanas.
A Revolução Francesa promoveu uma ruptura definitiva com a estrutura feudal, embora não tenha conseguido aniquilar as estruturas de poder das elites, apesar das guilhotinas. Tanto é verdade que a República acabou não resistindo às pressões políticas e o Império de Napoleão foi erigido, com o apoio da rica burguesia. Aliás, reputam-se como maiores legados do general francês os seus Códigos Civil e Comercial – diplomas legais garantidores do status quo.
Aliado a isso, o desenvolvimento exponencial das ciências, embalado pelo jusnaturalismo antropocêntrico e pela evolução do capitalismo e do liberalismo econômico, os quais levaram a humanidade a enfrentar duas grandes guerras no século passado, comprometeu de modo indelével os recursos naturais disponíveis.
Se a natureza pudesse parafraser Jean Paul Sartre, acredito que ela diria, entre quatro paredes, que “o inferno é o homem!”.
Por outro lado, qual seria a antítese perfeita da dominação? O ideário de igualdade da Revolução Francesa? O comunismo utópico de Marx e Engels? O amor ao próximo de Cristo?
O fato é que o progresso econômico, da forma como vem sido conduzido pelo homem, tem comprometido seriamente a natureza. Apesar dos esforços de recomposição dos recursos naturais renováveis e da reciclagem dos materiais inorgânicos, menores tem sido as chances de reversão dos danos ambientais.

11.10.09

onze do dez do nove

Faltando uns dez minutos para o dia de Nossa Senhora da Aparecida (em que também se comemora o dia das crianças), estou aqui, estranhamente, sem sono.
Respectivamente ontem e anteontem aniversariaram meus filhos. A mais velha fez vinte anos (se é que alguém nesta idade pode ser velha) e o mais novo, catorze. Logo, não tenho mais crianças nem tampouco sou católico, embora respeite a crença alheia e reconheça a enorme importância da Padroeira do Brasil.
Hoje, meio que sob a influência destas datas marcantes, e depois de muito tempo, resolvi consultar o I Ching.
Confesso que tenho grande receio de fazer-lhe perguntas, pois sempre recebi respostas bastante severas do "Livro das Mutações". De qualquer forma busquei coragem e acabei satisfeito com o resultado.
Em meio a algumas leituras gravei uma frase de inspiração taoísta mais ou menos assim: "Quem desejar a vida pode correr o risco de perdê-la". É uma grande dualidade.
Certo momento de minha vida, quando estive perto de perdê-la, soube que rezaram para mim e que pediram a minha cura para Nossa Senhora.
Bem, aqui estou, estranhamente sem sono, e a dezesseis minutos do dia doze.

13.7.09

Lá se vão as férias... (vida acadêmica)

Agora, dia quinze, as minhas férias vão acabar... Não houve descanso mas estudo! Em duas semanas li mais livros e textos do que durante todo o semestre que passou (e olha que eu estudo todos os dias, há quatro anos). O motivo: a prova de transferência facultativa para a Universidade de Brasíla.
Faz mais de vinte anos a primeira vez que tentei entrar para a Unb, via vestibular. Reprovei numa prova específica para o curso de arquitetura. Acabei estudando administração na AEUDF. Depois fiz especialização na FGV e comecei a cursar, por pouquíssimo tempo, direito no Ceub.
Agora que estou a três semestres do fim deste curso, na Universidade Católica, surgiu a oportunidade de ingressar na Unb.
Fiz a prova domingo passado e, se tudo der certo, terei a oportunidade de concluir meu curso em uma universidade pública, diminuindo bastante as minhas despesas.
Há algum tempo decidi que não iria mais parar de estudar. Pelo jeito parece que não vou mesmo...
Lamento não ter saído de férias com a família, mas este concurso apareceu de repente. Enfim, ano que vem taí... Vamos sonhar com uma praia bem gostosa, peixe frito, cerveja gelada, água de coco, pés descalços, uma rede e ondas...

14.4.09

Vietnã

Neste final de semana assisti a uma reportagem bem interessante sobre o Vietnã.
Nela levantou-se a seguinte questão: Como um país pobre, isolado do mundo e dito atrasado em termos tecnológicos conseguiu derrotar três grandes potências mundiais - China, EUA e França.
Sem a pretensão de apresentar uma conclusão simplista, vários aspectos da cultura e da tradição vietnamita foram abordados.
Me chamou a atenção a felicidade de um povo que basicamente vive no campo cultivando arroz, pescando no Rio Negro e fazendo engenhos com bambu. Sempre ouvi falar das armadilhas usadas para surpreender os soldados americanos, mas o que vi na TV foram apenas rodas d'água e alicerces de casas feitas com este material. Enquanto nossas construções de alvenaria estão constantemente precisando de reformas, as deles duram tranquilamente vinte e cinco anos, e, quando estragam, são naturalmente substituídas por outras, preservando-se o meio ambiente.
Outros traços culturais evidenciados pela matéria foram a valorização e o respeito à família. Eles rendem cultos aos antepassados e dedicam suas vidas para garantir a sobrevivência das gerações futuras.
Olhando-se o mapa mundi, vimos o Vietnã encravado no pé da China. Por questões estratégicas, seu amplo litoral sempre foi objeto de cobiça. No entanto, resistiram às invasões e mantiveram-se fiéis às suas tradições.
Como eles conseguiram, só eles sabem...

19.3.09

Metal versus Capital

Amanhã a donzela de ferro vai tocar na capital. Já dá para sentir fear of the dark...
Será a realização de um sonho ver o Iron Maiden tocando no estádio, aqui do lado de casa.
Vinte anos atrás, vê-los, só no Rock in Rio; agora, ficou fácil...
Estarei sentado em uma cadeira coberta, à esquerda do palco. Deixarei os headbangeres se acotovelarem à vontade na pista, afinal uma apresentação clássica como esta merece toda uma entourage - coisa que as cabeças mais cabeludas ainda não compreendem...
Prometi a mim mesmo não perder mais nenhum show deste quilate em minha cidade. Isso porque Eric Clapton, Deep Purple, The Doors, The Cult, Sting, Joe Satriani, Stanley Jordan e outros mais já passaram por aqui e eu não os vi!
If only the good die young, i'm gonna fly as high as the sun!

23.2.09

O Azul de Jezebel...

Domingo, dia 22 de fevereiro, chovia forte na Ondina. Minha mulher e eu estavamos tristes e cansados da folia da noite anterior. Ainda assim, vimos passar uns bons trios entre eles o Jamil e o Asa. Lembramos muito de nossa filha, pois são extamente os dois grupos que ela mais gosta. De repente, eis que surge na avenida uma charanga gigante. Era ele, o Armandinho com sua guitarrinha - o que me fez pensar estar diante do próprio Hendrix. Fiquei emocionado pois naquele instante acabara de realizar um antigo sonho de vê-lo tocando em Salvador. Acompanhamos sua passagem em frente aos camarotes até esbarrarmos em Tiago, um amigo nosso, que estava vestido de Filho de Ghandi. Bela surpresa. Conversamos um pouco ao som do Bolero de Ravel. Nos despedimos e fomos direto para a pipoca acompanhar o trio até o final do circuito.
Viva a sincronicidade, o dendê, o caos e a ordem, Paracuru, o azul da estrela!

19.2.09

Vasco e Flamengo

Ontem o glorioso Vasco da Gama derrotou o Flamengo por 4 a 1. Pouco importa que tenha sido o Flamengo do Piauí. O que importa é o princípio...

15.2.09

Era de Aquário

Anunciou-se que no dia 14 de fevereiro de 2009 ocorreria a formação do esperado alinhamento planetário cantado no musical "Hair": When the Moon is in the seventh house and Jupiter is aligned with the Mars...
Assim que pude, saí em busca do "mapa astrológico" do referido evento cósmico e constatei a exatidão dos referidos aspectos planetários, anunciadores da Nova Era.
Em seguida, revi algumas cenas do filme, gravadas no Central Park e fiquei pensando sobre a harmonia e o entendimento enquanto premissas para uma nova sociedade. No mínimo, foi um belo devaneio, bem ao estilo hippie.
Se estivermos mesmo no amanhecer de um novo Aeon, espero estarmos preparados para nos livrar dos grilhões que nos impedem de construir o novo mundo.

4.2.09

Perdeu a linha...

Hoje, de manhã, um ônibus de transporte público de passageiros capotou debaixo de um viaduto, próximo ao Aeroporto de Brasília. Uma senhora morreu na hora, outras vinte e poucas pessoas sofreram ferimentos e foram encaminhadas para o principal hospital público da capital federal. Alguém disse que o acidente ocorreu por causa do excesso de velocidade, outro alguém disse que foi muito rápido...
A polícia adiantou-se em diligência para apurar as causas do fato. Entretanto, estranhei não ter visto ou ouvido em telejornal comentário algum a respeito do excesso de passageiros, afinal de contas eram mais ou menos oitenta!
Desde menino, toda vez que eu entrava em um coletivo para ir à escola ou a qualquer outro lugar, me sentia incomodado com aquele amontoado de gente que se formava a cada parada. Silenciosamente (como todos os demais) percebia que aquilo era um absurdo. Fazer o quê? Nunca vi ninguém se indignar contra a má-fé na prestação do serviço de transporte.
Só que hoje a situação atingiu um limite, embora não creia que seja afinal o limite da indiferença, infelizmente.
Independentemente de perícia e apuração de causas e responsabilidades, houve uma morte e vários casos de pessoas feridas dentro de um ônibus superlotado. Fazer o quê?

3.2.09

O ensaio sobre a cegueira

Ontem assisti ao filme “O ensaio sobre a cegueira” e senti um grande choque, daquele capaz de produzir profundas e arrebatadoras reflexões, que de quando em quando ocorrem na vida de todo mundo. O filme, baseado no livro de José Saramago, no mínimo permite diversas interpretações como a sócio-política, a jurídica, a ética, entre outras. Assim, quis, a partir de um breve resumo do enredo, registrar algumas impressões minhas, as quais me acompanharam sem licença noite adentro.
A narrativa conduz à uma inexplicável perda do sentido da visão por toda uma população (o filme é gravado em diferentes cidades, entre as quais São Paulo – local onde ocorre o primeiro caso de cegueira repentina). Porém não é o lugar que importa. Basta entender que trata-se do nosso mundo, no atual nível de civilização.
Os casos de cegueira vão se sucedendo até o alarme de epidemia, por parte das autoridades públicas. A partir deste momento, as pessoas dadas como “infectadas” são transportados para uma espécie de casa de saúde abandonada.
Dos que compõem o grupo de isolados destacam-se alguns personagens: um casal de orientais, cujo homem é o primeiro “infectado”; outro casal, cujo homem é o oftalmologista que examina o primeiro; um ladrão que se aproveita do primeiro “infectado” e, a pretexto de conduzí-lo para casa após a cegueira, lhe rouba o carro; e uma garota de programa, um menino e um velho negro, ambos pacientes do oftamologista; bem como demais componentes de um outro grupo que, ao final, irá rivalizar com este e com todos os demais, dentro do velho abrigo.
Minha primeira impressão foi a de que iria assistir a um filme de Shyamalan. Porém, à medida que o filme ia se desenrolando, a densidade do argumento apresentava-se bastante superior à do realismo fantástico hollywoodiano.
A mulher do oftalmologista, na noite anterior à ocorrência da cegueira do marido, preparou o jantar e acabou ingerindo grandes quantidades de vinho. Por alguma razão desconhecida, foi a única pessoa a conservar sua visão. Fingindo também estar cega, resolveu acompanhar o marido no abrigo, com o consentimento deste. Com o passar do tempo no interior do abrigo, tudo começa a fazer sentido. Sentido?
Será que os direitos individuais daquelas pessoas acometidas pela cegueira foram respeitados ou teriam elas sido simplesmente banidas da sociedade?
O fato é que militares armados se encarregavam de manter o isolamento entre os cegos e o resto do mundo. A comida (apenas comida e mais nenhum outro recurso material) era entregue aos cegos sem nenhum critério ou controle. Daí, em meio a um cenário de abandono, miserabilidade, e de ausência absoluta da dignidade humana, um grupo de cegos, dentre os quais um de nascença, se revolta e decide instituir uma “monarquia” e a não mais ser solidário com os demais enfermos, passando inclusive a dominar o estoque de alimentos.
Aqui o termo monarquia não é aleatório. Parece que naquele caos, as circunstâncias fizeram aquelas pessoas retrogradarem à Idade Média e, uma vez rompido o anterior “pacto social”, passou a vigorar a velha máxima hobbesiana: “O lobo é o lobo do homem”.
Neste tenebroso contexto, ocorreram os mais repugnantes delitos, tais como: cárceres privados, ameaças, extorsões, estupros, atentados violentos ao pudor, incêndio, quadrilha, e homicídios qualificados.
Num dado momento a mulher do oftalmologista percebeu que o abrigo já não mais se encontrava guardado por militares e então ela conseguiu conduzir um pequeno grupo de sobreviventes de volta para a cidade. Lá o cenário era desolador. Pessoas cegas e desesperadas vagando pelas ruas em meio ao lixo, destroços automobilísticos, estabelecimentos comerciais saqueados, falta de energia elétrica, chuva, etc.
Encontraram refúgio em um café. Logo em seguida conseguiram com muita dificuldade alguma comida no subsolo de um supermercado, e, no dia seguinte, seguiram para a casa do oftalmologista.
Passados alguns dias, o primeiro “infectado” misteriosamente recupera sua visão. Todos comemoraram eufóricos, na esperança de tornarem a ver de novo.
Poder-se-ia sustentar que o Estado nada teria a reparar por tratar-se de um caso fortuito? De um Ato de Deus? Ou o direito daquelas vítimas ao recebimento de indenizações por danos morais e materiais estaria resguardado perante o mesmo Estado?
O que se pode dizer é que os fatos levaram a sociedade da ordem ao caos e por fim uma perspectiva de retorno à ordem.

31.1.09

Último sábado de férias

31 de janeiro! As férias chegaram ao fim. Domingo não conta, porque já é fevereiro e ao contrário do que se diz por aí - que o ano só começa mesmo depois do carnaval - o "meu" já começou faz tempo.
Passei o dia passando. Passando roupa. E ainda falta uma muda que mais parece uma montanha.
Casa, trabalho, mulher, filhos, família, universidade, etc... Aqui a ordem não representa nenhuma hierarquia, mas um rol aleatório de relacionamentos, afazeres e centros de interesses normais de um ser humano adulto do nosso século.
Da janela da sala posso ver a tarde passando. Não as roupas que ainda me esperam, mas o turno para a senhora de preto e seu vestido estrelado e enluarado.

28.1.09

Pausa de breve duração...

Navegando nesta noite reencontrei-me com esta esquecida página. Trata-se de um blog criado pela minha esposa para mim há bastante tempo (tempo em que quase ninguém sabia o que era um blog) e eu, infelizmente não soube aproveitá-la bem... (a página!).
Tive então a curiosidade de reler os poucos posts e ababei viajando naqueles momentos. Não sou muito de escrever não. Apenas quando surge alguma inspiração é que me entusiasmo a criar textos. Quem sabe agora que reavivei estas memórias eu decida dedicar alguns átimos a este espaço tão interessante e por fim resolva não mais abandoná-lo como antes.