16.10.09

Qual o papel do “progresso econômico” e do relacionamento predatório entre os seres humanos e entre estes e a natureza?

O relacionamento predatório entre os seres humanos, segundo conta a História, é antigo. De acordo com o historiador Theodore Zeldin (Uma História Íntima da Humanidade) a palavra slave (em português escravo) deriva de eslavo – uma etnia ancestral que imigrou do Ártico para povoar a Europa.
Tem-se notícia que desde a época do Império Romano (e até mesmo antes desta) os povos derrotados nas guerras acabavam subjugados pelos seus vencedores. Desta forma, à custa do sacrifício alheio, floresceram as grandes civilizações.
Vê-se que a máxima hobbesiana “o homem é o lobo do homem” não é sem razão.
A novidade da questão parece surgir com o progresso econômico, pois, até então, a natureza vinha resistindo aos mecanismos do tipo vítima/algoz, próprios da natureza humana. Em outras palavras, os relacionamentos humanos, por mais perniciosos que fossem, não representavam uma ameaça ao meio ambiente, comparativamente ao que tem sido observado a partir da implementação dos modelos de produção modernos e contemporâneos.
Com o advento da Revolução Industrial o Ocidente assistiu a diversos fenômenos de ordem econômica, dentre os quais a produção em série; a expansão do comércio mundial; e o fluxo migratório do campo para as cidades.
A produção em série retirou do homem – artesão – a possibilidade de ser identificado por suas manufaturas, o que Marx chamou de alienação, e as máquinas a vapor transformaram em fumaça as abundantes reservas de carvão britânicas; a expansão do comércio obrigou as famílias a sujeitarem-se ao trabalho extenuante e insalubre; e o fluxo migratório para as cidades, além do desequilíbrio provocado nas regiões rurais, causou um amontoado sub-humano e doente nas periferias urbanas.
A Revolução Francesa promoveu uma ruptura definitiva com a estrutura feudal, embora não tenha conseguido aniquilar as estruturas de poder das elites, apesar das guilhotinas. Tanto é verdade que a República acabou não resistindo às pressões políticas e o Império de Napoleão foi erigido, com o apoio da rica burguesia. Aliás, reputam-se como maiores legados do general francês os seus Códigos Civil e Comercial – diplomas legais garantidores do status quo.
Aliado a isso, o desenvolvimento exponencial das ciências, embalado pelo jusnaturalismo antropocêntrico e pela evolução do capitalismo e do liberalismo econômico, os quais levaram a humanidade a enfrentar duas grandes guerras no século passado, comprometeu de modo indelével os recursos naturais disponíveis.
Se a natureza pudesse parafraser Jean Paul Sartre, acredito que ela diria, entre quatro paredes, que “o inferno é o homem!”.
Por outro lado, qual seria a antítese perfeita da dominação? O ideário de igualdade da Revolução Francesa? O comunismo utópico de Marx e Engels? O amor ao próximo de Cristo?
O fato é que o progresso econômico, da forma como vem sido conduzido pelo homem, tem comprometido seriamente a natureza. Apesar dos esforços de recomposição dos recursos naturais renováveis e da reciclagem dos materiais inorgânicos, menores tem sido as chances de reversão dos danos ambientais.

Nenhum comentário: